Rio +20 e o Ensino das Ciências Sociais

Os Óbices entre a Natureza e a Economia: qual o propósito do crescimento?




Sem objetivos claros na redução da desigualdade,
é forte o risco de que a própria legitimidade
da economia verde seja colocada em questão



Uma das perguntas mais difíceis de se responder é certamente esta: “Crescer para quê?” Sem sombra de dúvida, a ECONOMIA VERDE é a chave-mestra para chegarmos ao tão propalado desenvolvimento com sustentabilidade, podendo almejar um futuro mais equilibrado em um planeta inexoravelmente finito.

A divisão na atual relação entre a sociedade e os ecossistemas, onde tão somente acoplar economia verde e testilhar contra a pobreza não nos traz os resultados sobre a “desigualdade no mundo contemporâneo”. Nem sobre a natureza! O cenário a ser enfrentado é aquele em que “um indiano que nascer hoje consumirá ao longo de sua vida o correspondente a 4 toneladas de materiais anuais. Um canadense vai consumir 25.” A redução da pobreza que já está em curso, e presente nos negócios públicos e privados nos modelos que conhecemos, não está respondendo a essa relação.

Cada unidade de riqueza é oferecida ao mercado sobre a base do uso decrescente de materiais. Apesar desse avanço, entretanto, a extração de recursos da superfície terrestre cresceu oito vezes durante o século 20, atingindo um total de 60 bilhões de toneladas anuais, considerando-se apenas o peso físico de quatro elementos: minérios, materiais de construção, combustíveis fósseis e biomassa. Essa lógica continua a trazer a poluição e as emissões de gases de efeito estufa, mesmo em processos teoricamente limpos de economias avançadas como Japão e Alemanha.
Pesquisa realizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), demonstram que o mundo industrial consumiu, em 2000, metade dos recursos físicos (por unidade de produto) que consumia em 1975. Já o PIB mundial, em 2002, precisou de 26% menos recursos físicos (por unidade de produto) do que em 1980. Sobre a redução da pobreza, os números também positivos mostram que a população mundial que vivia abaixo da linha da pobreza (com menos de US$ 2,75 por dia) é, desde 2008, 17% do total – 10 anos antes o contingente miserável correspondia a 30% da população mundial.

Então, a pergunta que não quer silenciar: por qual motivo o mundo continua virtualmente dividido? Pelo fato de que, apesar de todos os esforços e de toda a ciência e tecnologia, o mundo ainda vive o dilema de usar a natureza até sua exaustão… em prol de uma “sociedade do bem-estar universalizado”. A solução para a equação deve estar em uma economia compartilhada, ou seja, aquela dos bens públicos e dos bens relacionais. Podemos citar como exemplo: a Itália, onde encontramos imóveis vendidos em frações e um sistema de reservas permite que cada um dos proprietários usufrua das instalações em determinado período do ano ou sempre que estiverem desocupadas; nos Estados Unidos, várias empresas adotaram o novo conceito. A Air BNB começou alugando quartos de moradores em outros países; hoje, disponibiliza até castelos, com clientes em oito mil cidades. Outro exemplo é o ThredUp, que promove o compartilhamento de brinquedos ou roupas infantis. No Brasil, há casos como a Beans!, um escritório de coworking aberto em 2008 em São Paulo. A empresa atua em duas frentes: uma rede social onde 1.400 empresários se ajudam virtualmente, e um espaço físico, compartilhado por empreendedores diversos. Esses são apenas alguns exemplos de uma nova tendência que está mudando a maneira como os negócios são feitos: a economia compartilhada, ou economia mesh.

Brasileiros, já passamos da hora de repensar hábitos enraizados de consumo, e mudarmos nossas mentalidades, talvez só nos reste usar de muita criatividade. Nesse caminho, será preciso buscar o reencontro das ciências naturais com as ciências sociais; da economia com a natureza; e desta com a ética. Esse reencontro está sendo um dos maiores desafios coletivos que a humanidade já enfrentou.

Fonte: GNACCARINI, Isabel. O Dilema entre a Natureza e a Economia: Crescer para quê mesmo? Revista IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA). Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2011. Caderno Notícias, p.18. Disponível em: http://cbja-rio2011.com.br/revista-iv-cbja. Acessado em: 23 de março de 2012.


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O MISTER DAS MUDANÇAS SOCIAIS

A instabilidade hodierna na relação entre sociedade e ecossistemas modifica essencialmente a natureza, a extensão e o significado da questão da desigualdade no mundo contemporâneo.  Nesse contexto, o principal desafio da Rio+20 é reunir a construção da economia verde ao combate à desigualdade.  Esta alcança uma dimensão material inédita, da qual se podem citar dois exemplos vindos de importantes documentos internacionais recentes.

O primeiro refere-se ao uso dos recursos materiais necessários à reprodução social.  Trata-se da urgência em reduzir o consumo dos materiais e da energia que se encontram na base da riqueza social.  Sabe-se que a extração de recursos da superfície terrestre cresceu oito vezes durante o século XX, atingindo um total de 60 bilhões de toneladas anuais, considerando-se apenas o peso físico de quatro elementos: minérios, materiais de construção, combustíveis fósseis e biomassa.

O Diretor-geral do Pnuma (Achim Steiner) apregoa que nos próximos anos, o consumo médio global, num mundo com mais de 9 bilhões de habitantes, terá de cair das atuais 9 toneladas anuais per capita para algo em torno de 5 e 6 toneladas.  A função da ECONOMIA VERDE é justamente estimular inovações que propiciem muito mais bem-estar e utilidades que as oferecidas hoje. 

O segundo documento internacional, denominado “A Grande Transformação Tecnológica Verde”, propõe que se estabeleça um limite para o consumo per capita de energia – 70 gigajoules por ano –, esse limite sugerido refere-se à energia primária e pode ser em grande parte compensado pelo aumento na eficiência com que se usa a energia em todas as etapas anteriores à prestação dos serviços ou à produção dos bens e serviços a que se ela destina.

Destarte, o grande repto do século XXI será a elaboração de um metabolismo social capaz de assegurar a estabilidade e a regeneração dos serviços que os ecossistemas prestam às sociedades.  Em síntese, trata-se de chegar a um metabolismo industrial que reduza drasticamente o uso de carbono na base material e energética da sociedade e, ao mesmo tempo, ofereça oportunidades para que as necessidades básicas dos seres humanos sejam preenchidas.  Sem objetivos claros na redução da desigualdade, é forte o risco de que a própria legitimidade da economia verde seja colocada em questão.

Fonte: ABRAMOVAY, Ricardo.  Rio +20 + Mudança Social. Revista Página 22. Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2011, Caderno Revista, Edição 56.
Disponível em: http://pagina22.com.br/index.php/2011/09/rio-20-mudanca-social/. Acessado em: 23 de março de 2012.
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AGRICULTURA “VERDE”



Não obstante o fato de a agricultura depender diretamente da natureza, não se pode duvidar que ela é uma das atividades econômicas que mais esgota os recursos naturais, além de responder por quase 13,5% das emissões globais dos seres humanos de gases de efeito estufa. Outrossim, de 17,4% das emissões globais de gases-estufa derivam da expansão da atividade agrícola sobre florestas, savanas e Cerrado.

As principais fontes de emissões de gás carbônico, óxido nitroso e metano no setor agropecuário ocorrem pelo uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e combustíveis fósseis e a fermentação entérica dos bovinos são as

Surge, então, a proposta da "agricultura verde" no lugar desse modelo predatório. Tal proposta reconstrói o capital natural por meio de modelos alternativos ao vigente, tais como a agricultura orgânica, e de técnicas, que podem ser aplicadas em fazendas convencionais tais como: restauração da fertilidade do solo com nutrientes naturais; plantio direto para prevenir a erosão; rotação de culturas; integração lavoura-pecuária; ilhas de biodiversidade e manejo integrado de pragas, doenças e ervas daninhas para diminuir a aplicação de agrotóxicos; irrigação por gotejamento a fim de tornar mais eficiente o uso da água; e decréscimo no desmatamento, nas perdas de biodiversidade e nas emissões de gases-estufa. Segue, abaixo, o aumento registrado por alimentos e bebidas orgânicas nas vendas mundiais:

Segundo a International Federation of Organic Agriculture Movements IFOAM, Bonn, Germany(http://www.ifoam.org/events/fairs/pdfs/BF2011_Congress/MAR_WOA_Presentation_small.pdf), as vendas globais de alimentos e bebidas orgânicos, em Bilhões de Dólares são:
2000 – 17,9
2003 – 25,5
2006 – 40,2
2009 – 54,9

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
PRAGANA, Verônica. Sistemas Agroalimentares: humanizar é possível. Revista Agriculturas: experiências em agroecologia, Vol. 8, Nº. 3. Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2011. Caderno Notícias, p.18. Disponível em: http://aspta.org.br/wp-content/uploads/2011/11/Agriculturas_Setembro2011_site.pdf. Acessado em: 30 de março de 2012.

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O EXEMPLO QUE VEIO DA PESCA


O Desenvolvimento Sustentável não tem sido aquele que se pretendeu em 92. Duas décadas após a Cúpula da Terra, os líderes mundiais se reunirão em junho para a sua sequência: a Rio+20. Vai estar em jogo o estabelecimento de um conjunto de Metas de Desenvolvimento Sustentável, que reúna os interesses de meio ambientes e comunidades fragilizados. A exploração desenfreada dos ecossistemas e insegurança alimentar serão, sem dúvida, questões cruciais.

Serão eficazes as novas metas para conter a fome? O Rio +20 deverá basear os compromissos globais nos direitos humanos. Para tanto, deverá por em prática rigoroso mecanismo de prestação de contas para garantir que os países responsabilizados por suas ações. Essas são as boas práticas para que alcancemos resultados inclusivos e sensíveis às questões da pobreza o do meio ambiente.

Podemos citar como exemplo o caso de embate sobre os direitos de pesca na África do Sul. Em 2007, baseados nos direitos humanos, um grupo de pescadores desafiou uma lei nacional relacionada à pesca e ganhou. As comunidades tinham perdido o acesso ao mar devido a uma lei favorecendo as grandes companhias de pesca. O tribunal não só enxergou violações do direito à alimentação — um direito incorporado na constituição pós-apartheid — e restaurou essas comunidades, como também exigiu que o governo criasse uma força-tarefa comandada pelos cidadãos locais, para reescrever a lei.

O exemplo da África do Sul pode ser um bom exemplo para a Rio+20. De pronto, podemos concluir pela necessidade de consulta e envolvimento das comunidades, cujos meios de vida correm maior perigo pela degradação do meio ambiente e redução das oportunidades econômicas. Os objetivos estabelecidos e as políticas destinadas à implementação destes devem ser construídos tendo como base esta abordagem participativa e inclusiva.

Num segundo laço, podemos inferir que a prestação de contas é fundamental. Frequentemente políticas que são consideradas em prol do desenvolvimento sustentável acabam ajudando muito pouco à maioria das comunidades marginalizadas, e algumas vezes terminam sendo prejudiciais a esses grupos. Enquanto isso, os efeitos das políticas de desenvolvimento genuínas podem facilmente ser superados por projetos industriais e de infraestrutura, acordos comerciais e outros fatores externos que fazem a balança pender contra os pequenos agricultores e pescadores. Desse modo, é essencial poder reclamar quando políticas defasadas ou mal conduzidas ou a soma de políticas vão contra o desenvolvimento sustentável.

Pelo simples fato de que as normas de pesca que foram reformuladas no país africano, a Rio+20 chegará à conclusão de que consultar aqueles que estão mais vulneráveis, e lhes oferecer mecanismos de acompanhamento, é um caminho rápido para elaboração de políticas eficazes e específicas, com verdadeiros resultados para o desenvolvimento sustentável.

Recentemente, foi criada a Colônia dos Pescadores Z4 com o objetivo de agregar os pescadores em uma única entidade que pudesse defender e fortalecer os interesses da classe, de forma a garantir direitos trabalhistas e sociais. A iniciativa Pesca de Peixes em Rios e Lagos (DRS Pescade Captura ou Extração), implementada pela Colônia, desenvolve a atividade pesqueira, orienta os pescadores na defesa de seus direitos e na questão do desenvolvimento sustentável, além de firmar acordos de pesca, visando à melhoria da renda e do Índice de Desenvolvimento Humano das comunidades participantes.

REFERÊNCIA BILBLIOGRÁFICA


Direitos humanos e prestação de contas irão garantir que a estrada para Rio não seja um beco sem saída. Disponível em: http://www.rio20.info/2012/noticias-2/direitos-humanos-e-prestacao-de-contas-irao-garantir-que-a-estrada-para-rio-nao-seja-um-beco-sem-saida. Acessado em: 31 de março de 2012.
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CONSTRUÇÃO CIVIL (Edifícios Verdes): um sonho possível.


CONSTRUÇÃO CIVIL (Edifícios Verdes): um sonho possível.

Edifícios verdes contribuem para a melhoria dos padrões de saúde, habitabilidade e produtividade. Há, ainda, vasto potencial de geração de milhões de empregos em novos edifícios e projetos de adaptação (“retrofitting”), produção de materiais eficientes, expansão das fontes renováveis de energia e serviços de reciclagem e gestão de resíduos.

Eis o desafio! Com recursos naturais cada vez mais escassos e alterações climáticas à competitividade econômica e a necessidade de gerar empregos, as cidades verdes oferecem múltiplas oportunidades para um desenvolvimento mais inteligente quanto para uma melhor qualidade de vida. Esse é o centro da iniciativa Estrada para a Rio+20 lançada pelo WBCSD, pela USGBC e pelo PNUMA, que destaca iniciativas positivas que estão em andamento e com potencial para acelerar e intensificá-las no período que antecedeu a Rio +20 e mais além.

Não obstante a iniciativa esteja se focando principalmente sobre os EUA e Canadá, é relevante para as cidades em todo o mundo, especialmente nas nações industrializadas da Europa e partes da Ásia-Pacífico e América Latina, que enfrentam muitos desafios semelhantes relacionados com a ecologização do ambiente urbano construído.

Edifícios de retromontagem existentes, por exemplo, oferecem oportunidades de trabalho significativas: criação de empregos na construção civil, fabricação de materiais verdes, produtos e equipamentos, atualização e reciclagem e sistemas de gestão de resíduos. Além disso, as cidades estão utilizando políticas inovadoras, tecnologias e mecanismos de financiamento para se tornarem mais eficientes, pouparem dinheiro aos consumidores e proporcionarem ambientes mais saudáveis​​.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BAVA, Cristina, COSTA, Danilo, MEDINA, Eliana, BENATTI, Luciana & FIGUEROLA, Valentina. Construção verde: um sonho possível. Revistas Casa Claudia e Arquitetura e Construção. Especial Casa Sustentável. agosto, 2009. Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/casa-campo-sustentabilidade-meio-ambiente-energia-eolica-energia-solar-494565.shtml?func=1&pag=1&fnt=9pt. Acessado em: 02 de abril de 2012.

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QUÍMICA VERDE




Química Verde ou Green Chemistry pode ser definida como a utilização de técnicas químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o uso solventes, reagentes ou a geração de produtos e sub-produtos que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente.

O setor químico é componente estrutural das economias industriais, mas enfrenta dificuldades imensas para substituir substâncias perigosas ao meio ambiente e à saúde humana por outras com menor impacto. No entanto, a química verde vem pouco a pouco ganhando terreno na pesquisa acadêmica, em laboratórios e na indústria química por meio do desenvolvimento de substitutos produzidos a partir de materiais renováveis e com baixo teor tóxico em combinação com técnicas ecológicas. É o caso das tintas à base de água, no lugar de solventes, com pouca ou nenhuma emissão de compostos orgânicos voláteis (conhecidos pela sigla em inglês VOCs), muitos deles oriundos do petróleo e potencialmente cancerígenos e danosos ao fígado, aos rins e ao sistema nervoso central.

No Brasil, a legislação de controle de substâncias químicas perigosas é inexistente ou muito mais frouxa do que a europeia ou a da Califórnia, nos Estados Unidos. Para citar só um exemplo,    o país não tem normas para limitar a níveis mais seguros a quantidade de VOCs em tintas e formaldeído em resinas aplicadas em produtos à base de madeira. Tanto os VOCs quanto o formaldeído são severamente controlados na União Europeia (UE) e na Califórnia.  Enquanto a legislação brasileira não evolui, resta a pressão da sociedade e as iniciativas voluntárias das empresas em desenvolver produtos mais seguros.

Criou-se ao longo dos anos um consenso sobre os principais pontos ou princípios básicos da química verde. Os doze pontos que precisam ser considerados quando se pretende implementar a química verde em uma indústria ou instituição de ensino e/ou pesquisa na área de química são os seguintes:

- é mais barato evitar a formação de resíduos tóxicos do que tratá-los depois que eles são produzidos;
- as metodologias sintéticas devem ser desenvolvidas de modo a incorporar o maior número possível de átomos dos reagentes no produto final;
- deve-se desenvolver metodologias sintéticas que utilizam e geram substâncias com pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente;
- deve-se buscar o desenvolvimento de produtos que após realizarem a função desejada, não causem danos ao ambiente;
- a utilização de substâncias auxiliares como solventes, agentes de purificação e secantes precisa se evitada ao máximo;
- quando inevitável a sua utilização, estas substâncias devem ser inócuas ou facilmente reutilizadas;
- os impactos ambientais e econômicos causados pela geração da energia utilizada em um processo químico precisam ser considerados. É necessário o desenvolvimento de processos que ocorram à temperatura e pressão ambientes;
- O uso de biomassa como matéria-prima deve ser priorizado no desenvolvimento de novas tecnologias e processos;
- Processos que envolvem intermediários com grupos bloqueadores, proteção/desproteção, ou qualquer modificação temporária da molécula por processos físicos e/ou químicos devem ser evitados;
- O uso de catalisadores (tão seletivos quanto possível) deve ser escolhido em substituição aos reagentes estequiométricos;
- Os produtos químicos precisam ser projetados para a biocompatibilidade. Após sua utilização não deve permanecer no ambiente, degradando-se em produtos inócuos;
- O monitoramento e controle em tempo real, dentro do processo, deverá ser viabilizado. A possibilidade de formação de substâncias tóxicas deverá ser detectada antes de sua geração;
- escolha das substâncias, bem como sua utilização em um processo químico, devem procurar a minimização do risco de acidentes, como vazamentos, incêndios e explosões.

Pelos itens supracitados, podemos inferir que a maior parte se aplica especialmente à produção industrial. Entretanto, vários pesquisadores vêm buscando a adaptação das premissas da Química Verde ao ensino e pesquisa em química a nível acadêmico. Um químico treinado e formado desta maneira terá um impacto significante na solução de problemas relacionados ao ambiente.

Sociedades de química como a American Chemical Society (ACS) e a Royal Society of Chemistry (RCS), desenvolvem e distribuem materiais sobre Química Verde, para que possam ser utilizados nos currículos dos cursos de química. Além disso, uma apreciável quantidade de artigos destinados a introduzir tópicos de Química Verde em técnicas de laboratório são publicados anualmente em periódicos da área.

No Brasil, apenas recentemente a questão ambiental passou a ter uma penetração mais efetiva no dia a dia do cidadão comum. Os freqüentes vazamentos de óleo combustível e petróleo, a péssima qualidade do ar nas grandes cidades, como São Paulo, especialmente no inverno, a contaminação de rios e lagos com esgoto doméstico e industrial, o excessivo número de praias impróprias para banho no verão, o efeito estufa, as queimadas na floresta amazônica e, de maior importância regional, a contaminação da Lagoa dos Patos, do canal São Gonçalo e da Lagoa Mirim, na região de Pelotas, são alguns exemplos de notícias que diariamente chegam até nossas casas via televisão, jornais ou rádio. Por outro lado, vários estados da Federação têm hoje uma legislação rigorosa com relação à agressão ambiental.


WWVERDE: Página de divulgação da química verde no Brasil. Busca pela Eficiência de Energia. Disponível em: http://www.ufpel.tche.br/iqg/wwverde/. Acessado em: 02 de abril de 2012.

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TRANSPORTE VERDE


As experiências mais bem-sucedidas de transporte verde atendem ao paradigma “evite- mude-melhore”, que é a mola propulsora de uma transformação radical no sistema de transporte neste século. Integrada a outras áreas, como planejamento urbano, energia, saúde, indústria, mudanças climáticas e turismo, a estratégia começa com a redução de viagens por meio da realocação de atividades econômicas para propiciar acesso mais próximo aos pontos de consumo e ao trabalho.

O segundo princípio remete à mudança para modelos ambientalmente mais eficientes de transporte – sistemas públicos, como corredores e tarifas integradas para ônibus, trens urbanos e metrô; não-motorizados, tais como ciclovias e infraestrutura decente para pedestres; e prioridade a ferrovias e hidrovias no transporte de carga. Londres com seu pedágio urbano, Paris e suas ciclovias, Curitiba com a rede integrada de ônibus ligeirinhos e Bogotá com seus corredores exclusivos para ônibus estão entre os exemplos de maior sucesso em políticas de transporte mais sustentáveis.

Por fim, o terceiro princípio propõe o aprimoramento tecnológico dos veículos visando economia de combustíveis e uso de fontes limpas para reduzir a poluição atmosférica e as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Investimentos em transporte verde promovem geração de renda e emprego, ao ampliar a cadeia de negócios com tecnologias limpas. Segundo o Relatório de Economia Verde do Pnuma , a alocação de apenas 0,16% do PIB global em investimentos no transporte verde cortaria em 70% as emissões de GEE do setor de transporte até 2050. Tal investimento também reduziria em um terço a quantidade de veículos no modal rodoviário e o consumo de derivados de petróleo, além de expandir em quase 10% o nível de emprego no setor.

O Rio de Janeiro já deu o ponta-pé inicial, um veículo ecologicamente correto e com emissão zero de gases poluentes, o primeiro ônibus movido a hidrogênio, com tecnologia nacional, deve substituir toda a frota do Rio de Janeiro, até os Jogos Olímpicos de 2016.

Se 1 milhão de motoristas deixassem o carro em casa, por pelo menos um dia, 20 mil toneladas de CO2 deixariam de ser emitidas à atmosfera.10,45 bilhões de litros de gasolina são desperdiçados anualmente pelos americanos parados em congestionamentos de trânsito. Se 1 milhão de pessoas adotassem um sistema de carona, 1,7 milhão de toneladas de CO2 deixariam de ser emitidas à atmosfera.

Andar de bicicleta por meia hora por dia pode aumentar sua expectativa de vida em cerca de 4 anos. Se 1 milhão de pessoas deixassem o carro em casa, uma vez por semana, e percorressem 11,5 km de bicicleta, seria possível reduzir a emissão de 100 mil toneladas de CO2 ao ano. 

Sabemos que as nossas cidades ainda são muito deficientes quanto à qualidade dos transportes públicos e que muitas mudanças precisam ser feitas de modo a incentivar o uso desse transporte em massa, mas isso não quer dizer que não podemos fazer a nossa parte para minimizar o problema.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


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ENERGIA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS


Deveras, os processos econômicos, políticos e sociais são intrinsecamente ligados aos fenômenos físicos e ambientais. Os padrões de consumo de uma sociedade, por exemplo, têm tudo a ver com sua cultura e economia. Nesse sentido, infere-se a importância dos estudos das mudanças climáticas pelas Ciências Sociais. Temos a grande missão de esclarecer sobre as questões que envolvem os impactos das mudanças climáticas, e as ciências sociais são importantes para mostrar como o fenômeno impacta a vida das pessoas, isto é, os processos econômicos, políticos e sociais mais amplos. Outrossim, mister se faz pensarmos em leis de incentivo para a promoção do desenvolvimento sustentável.

Neste laço, o Brasil deve propor durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável um paradigma de crescimento que seja realista, sem espaço para pensamentos estéreos e fantasiosos. Devemos ter uma postura humilde e entender que alguns países terão dificuldades em executar mudanças na sua matriz energética. Nada de utopias. Todas discussão deverá ter base científica. Na verdade, deveremos ter uma dupla atitude em relação à Rio+20: por um lado temos que ser a liderança de dizer que pode fazer porque é possível fazer, porque nós fizemos, e falar além disso com humildade, que nós temos de fazer mais. Mas, de outro lado, temos que entender que alguns países têm grandes problemas para dar saltos.

Diante do cenário de diversos atores e forças, deveremos dar atenção para a ampliação do apoio às várias áreas relacionadas às mudanças climáticas. Mudança climática é um assunto que exige muita pesquisa e, claro, apoio. Apesar do tema já fazer parte das discussões e ser valorizado, ainda é preciso evoluir: ou temos um investimento profundo e sério ou não vamos conseguir resolver o problema.

Referências Bibliográficas
LEITÃO, Sérgio. Mudanças Climáticas: Interdisciplinaridade. Disponível em: http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/464?page=0,1. Acessado em: 06 de abril de 2012.
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VOLUNTARIADO NA RIO +20



O programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV) é a organização das Nações Unidas que promove voluntariado de apoiar a paz e o desenvolvimento mundial. Voluntariado pode transformar o ritmo e a natureza do desenvolvimento e beneficia tanto a sociedade em geral como cada voluntário. UNV contribui para a paz e desenvolvimento através da defesa do voluntariado a nível mundial, incentivando parceiros para integrar pessoas em programas de desenvolvimento e mobilização de voluntários. Na maioria das culturas, o voluntariado está profundamente enraizado há muito tempo, nas tradições antigas de partilha e apoio dentro das comunidades. Neste contexto, Voluntários das Nações Unidas desempenham um papel no desenvolvimento e paz, juntamente com colegas de trabalho, agências acolhedoras e as comunidades locais. Em todas as tarefas, eles promovem voluntariado através da sua ação e conduta, pois, engajar-se numa organização como essa pode efetiva e positivamente enriquecer a nossa compreensão do local e da realidade social, como bem criar uma ponte entre os voluntários e as pessoas em sua comunidade anfitriã. Isso fará com que o tempo utilizado como Voluntários das Nações Unidas seja ainda mais gratificante e produtivo.

A Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, ou Rio 20 em junho de 2012 será um reunião importante para os líderes mundiais para analisar os resultados, para o desenvolvimento sustentável e para discutir uma
nova arquitetura de desenvolvimento global sustentável. A Rio +20 irá se concentrar nas áreas social, econômica e pilares ambientais no contexto do desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.


Infere-se que a Rio +20 apresenta uma oportunidade única para UNV, uma vez que mostra a ação voluntária como uma abordagem centrada na paz e no desenvolvimento, elementos essenciais para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. A mudança social virá de cidadãos sensíveis, que pensam diferente e tomam medidas para fazer as mudanças acontecerem. Portanto, UNV se esforça no sentido da integração do voluntariado no processo, a discussão dos resultados dentro da Conferência Rio +20. Ao apoiar a gestão do voluntariado para o Rio 20, a UNV garante oportunidades de voluntariado para diversas pessoas. Uma vez que os jovens devem ser os maiores interessados em alcançar "o futuro que queremos", é particularmente importante para UNV capacitá-los e, assim, facilitar e promover a ação voluntária para o desenvolvimento sustentável. O grupo de voluntários para o Rio 20 será composto por adolescentes e jovens adultos. Neste contexto, UNV vai partilhar e desenvolver conteúdos e metodologias para a formação de formadores, ou formação de voluntários, respectivamente. Tal iniciativa precisa ser reconhecida como um fator-chave das mudanças necessárias em nossa organização social. Durante a Rio 20 Conferência, a UNV visa reforçar e exemplificar esta mensagem através da presença de 1500 voluntários que servirão de exemplo ao princípio do voluntarismo.

O governo brasileiro, sob a orientação do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, estabeleceu uma Comissão Organizadora Nacional (CNO - Comité Nacional de Organização) responsável pela organização da conferência Rio +20. Em cooperação com as Nações Unidas Programa de Desenvolvimento, PNUD, no Brasil um projeto específico para atender à demanda de voluntários pouco antes e durante a conferência tem sido desenvolvido. No âmbito deste projecto, aos 1500 voluntários serão oferecidas oportunidades para os serviços em diferentes áreas de logística durante os 10 dias de conferências e voluntários serão subdivididos em três grupos principais:

1. Adolescentes e adultos jovens provenientes de famílias de baixa renda no Rio de Janeiro com, no mínimo, ensino médio incompleto e que fazem parte, ou participaram, de cursos de formação em áreas temáticas indicadas pelo CNO.

2. Profissionais jovens adultos inscritos como estudantes universitários ou recém-formados em áreas temáticas indicadas pelo CNO.

3. Adolescentes e adultos jovens matriculados em instituições de ensino médio (público e privado) de Rio de Janeiro.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

UNITED NATIONS VOLUNTEERS. UN VOLUNTEER DESCRIPTION OF ASSIGNMENT. Disponível em: http://www.pnud.org.br/recrutamento/arquivos/201204021650.pdf. Acessado em: 12 de abril de 2012.

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