O
Desenvolvimento Sustentável não tem sido aquele que se pretendeu em 92. Duas
décadas após a Cúpula da Terra, os líderes mundiais se reunirão em junho para a
sua sequência: a Rio+20. Vai estar em jogo o estabelecimento de um conjunto de
Metas de Desenvolvimento Sustentável, que reúna os interesses de meio ambientes
e comunidades fragilizados. A exploração desenfreada dos ecossistemas e
insegurança alimentar serão, sem dúvida, questões cruciais.
Serão
eficazes as novas metas para conter a fome? O Rio +20 deverá basear os
compromissos globais nos direitos humanos. Para tanto, deverá por em prática
rigoroso mecanismo de prestação de contas para garantir que os países
responsabilizados por suas ações. Essas são as boas práticas para que
alcancemos resultados inclusivos e sensíveis às questões da pobreza o do meio
ambiente.
Podemos
citar como exemplo o caso de embate sobre os direitos de pesca na África do
Sul. Em 2007, baseados nos direitos humanos, um grupo de pescadores desafiou
uma lei nacional relacionada à pesca e ganhou. As comunidades tinham perdido o
acesso ao mar devido a uma lei favorecendo as grandes companhias de pesca. O
tribunal não só enxergou violações do direito à alimentação — um direito
incorporado na constituição pós-apartheid — e restaurou essas comunidades, como
também exigiu que o governo criasse uma força-tarefa comandada pelos cidadãos
locais, para reescrever a lei.
O exemplo da
África do Sul pode ser um bom exemplo para a Rio+20. De pronto, podemos
concluir pela necessidade de consulta e envolvimento das comunidades, cujos
meios de vida correm maior perigo pela degradação do meio ambiente e redução
das oportunidades econômicas. Os objetivos estabelecidos e as políticas
destinadas à implementação destes devem ser construídos tendo como base esta
abordagem participativa e inclusiva.
Num segundo
laço, podemos inferir que a prestação de contas é fundamental. Frequentemente
políticas que são consideradas em prol do desenvolvimento sustentável acabam
ajudando muito pouco à maioria das comunidades marginalizadas, e algumas vezes
terminam sendo prejudiciais a esses grupos. Enquanto isso, os efeitos das
políticas de desenvolvimento genuínas podem facilmente ser superados por
projetos industriais e de infraestrutura, acordos comerciais e outros fatores
externos que fazem a balança pender contra os pequenos agricultores e
pescadores. Desse modo, é essencial poder reclamar quando políticas defasadas
ou mal conduzidas ou a soma de políticas vão contra o desenvolvimento
sustentável.
Pelo simples
fato de que as normas de pesca que foram reformuladas no país africano, a
Rio+20 chegará à conclusão de que consultar aqueles que estão mais vulneráveis,
e lhes oferecer mecanismos de acompanhamento, é um caminho rápido para
elaboração de políticas eficazes e específicas, com verdadeiros resultados para
o desenvolvimento sustentável.
Recentemente,
foi criada a Colônia dos Pescadores Z4 com o objetivo de agregar os pescadores
em uma única entidade que pudesse defender e fortalecer os interesses da
classe, de forma a garantir direitos trabalhistas e sociais. A iniciativa Pesca
de Peixes em Rios e Lagos (DRS Pescade Captura ou Extração), implementada pela
Colônia, desenvolve a atividade pesqueira, orienta os pescadores na defesa de
seus direitos e na questão do desenvolvimento sustentável, além de firmar
acordos de pesca, visando à melhoria da renda e do Índice de Desenvolvimento
Humano das comunidades participantes.
Fonte: Direitos humanos e prestação
de contas irão garantir que a estrada para Rio não seja um beco sem saída. Disponível
em: http://www.rio20.info/2012/noticias-2/direitos-humanos-e-prestacao-de-contas-irao-garantir-que-a-estrada-para-rio-nao-seja-um-beco-sem-saida.
Acessado em: 31 de março de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário