Química Verde ou Green Chemistry pode ser definida
como a utilização de técnicas químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o
uso solventes, reagentes ou a geração de produtos e sub-produtos que são
nocivos à saúde humana ou ao ambiente.
O setor
químico é componente estrutural das economias industriais, mas enfrenta
dificuldades imensas para substituir substâncias perigosas ao meio ambiente e à
saúde humana por outras com menor impacto. No entanto, a química verde vem
pouco a pouco ganhando terreno na pesquisa acadêmica, em laboratórios e na
indústria química por meio do desenvolvimento de substitutos produzidos a
partir de materiais renováveis e com baixo teor tóxico em combinação com
técnicas ecológicas. É o caso das tintas à base de água, no lugar de solventes,
com pouca ou nenhuma emissão de compostos orgânicos voláteis (conhecidos pela
sigla em inglês VOCs), muitos deles oriundos do petróleo e potencialmente
cancerígenos e danosos ao fígado, aos rins e ao sistema nervoso central.
No Brasil, a
legislação de controle de substâncias químicas perigosas é inexistente ou muito
mais frouxa do que a europeia ou a da Califórnia, nos Estados Unidos. Para
citar só um exemplo, o país não tem normas para limitar a
níveis mais seguros a quantidade de VOCs em tintas e formaldeído em resinas
aplicadas em produtos à base de madeira. Tanto os VOCs quanto o formaldeído são
severamente controlados na União Europeia (UE) e na Califórnia. Enquanto
a legislação brasileira não evolui, resta a pressão da sociedade e as
iniciativas voluntárias das empresas em desenvolver produtos mais seguros.
Criou-se ao
longo dos anos um consenso sobre os principais pontos ou princípios básicos da
química verde. Os doze pontos que precisam ser considerados quando se pretende
implementar a química verde em uma indústria ou instituição de ensino e/ou
pesquisa na área de química são os seguintes:
- é mais barato evitar a formação de resíduos
tóxicos do que tratá-los depois que eles são produzidos;
- as metodologias sintéticas devem ser desenvolvidas de modo a incorporar
o maior número possível de átomos dos reagentes no produto final;
- deve-se desenvolver metodologias sintéticas que utilizam e geram
substâncias com pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente;
- deve-se buscar o desenvolvimento de produtos que após realizarem a
função desejada, não causem danos ao ambiente;
- a utilização de substâncias auxiliares como solventes, agentes de
purificação e secantes precisa se evitada ao máximo;
- quando inevitável a sua utilização, estas substâncias devem ser inócuas
ou facilmente reutilizadas;
- os impactos ambientais e econômicos causados pela geração da energia
utilizada em um processo químico precisam ser considerados. É necessário o
desenvolvimento de processos que ocorram à temperatura e pressão ambientes;
- O uso de biomassa como matéria-prima deve ser priorizado no
desenvolvimento de novas tecnologias e processos;
- Processos que envolvem intermediários com grupos bloqueadores,
proteção/desproteção, ou qualquer modificação temporária da molécula por
processos físicos e/ou químicos devem ser evitados;
- O uso de catalisadores (tão seletivos quanto possível) deve ser
escolhido em substituição aos reagentes estequiométricos;
- Os produtos químicos precisam ser projetados para a biocompatibilidade.
Após sua utilização não deve permanecer no ambiente, degradando-se em produtos
inócuos;
- O monitoramento e controle em tempo real,
dentro do processo, deverá ser viabilizado. A possibilidade de formação de
substâncias tóxicas deverá ser detectada antes de sua geração;
- escolha das substâncias, bem como sua utilização em um processo
químico, devem procurar a minimização do risco de acidentes, como vazamentos,
incêndios e explosões.
Pelos itens
supracitados, podemos inferir que a maior parte se aplica especialmente à
produção industrial. Entretanto, vários pesquisadores vêm buscando a adaptação
das premissas da Química Verde ao ensino e pesquisa em química a nível
acadêmico. Um químico treinado e formado desta maneira terá um impacto
significante na solução de problemas relacionados ao ambiente.
Sociedades
de química como a American Chemical Society (ACS) e a Royal Society
of Chemistry (RCS), desenvolvem e distribuem materiais sobre Química Verde,
para que possam ser utilizados nos currículos dos cursos de química. Além
disso, uma apreciável quantidade de artigos destinados a introduzir tópicos de
Química Verde em técnicas de laboratório são publicados anualmente em
periódicos da área.
No Brasil,
apenas recentemente a questão ambiental passou a ter uma penetração mais
efetiva no dia a dia do cidadão comum. Os freqüentes vazamentos de óleo
combustível e petróleo, a péssima qualidade do ar nas grandes cidades, como São
Paulo, especialmente no inverno, a contaminação de rios e lagos com esgoto
doméstico e industrial, o excessivo número de praias impróprias para banho no
verão, o efeito estufa, as queimadas na floresta amazônica e, de maior
importância regional, a contaminação da Lagoa dos Patos, do canal São Gonçalo e
da Lagoa Mirim, na região de Pelotas, são alguns exemplos de notícias que
diariamente chegam até nossas casas via televisão, jornais ou rádio. Por outro
lado, vários estados da Federação têm hoje uma legislação rigorosa com relação
à agressão ambiental.
Fonte: WWVERDE:
Página de divulgação da química verde no Brasil. Busca pela Eficiência de Energia. Disponível em: http://www.ufpel.tche.br/iqg/wwverde/. Acessado em: 02 de abril de 2012.
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